## O encontro com a mulher samaritana. ##
*** - [Jesus disse:] “Quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede… [ela] se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna.” João 4.14. - ***
### - João iniciou seu Evangelho com a
afirmação de que “a Palavra… era Deus” (1.1) e continuou até afirmar que
“a Palavra tornou-se carne” (v. 14). Agora ele ilustra, a partir do
encontro de Jesus com a mulher samaritana, quão vulnerável era essa
humanidade. Era por volta do meio-dia quando Jesus e seus discípulos
chegaram ao poço de Jacó, e o sol estava a pino. Jesus se achava cansado
depois de caminhar a manhã inteira e se sentou ao lado do poço para
descansar. Ele sentia fome e então enviou seus discípulos ao vilarejo
vizinho para comprar comida. Ele também estava com calor e sede, por
isso pediu à mulher samaritana que lhe desse água. Jesus não era um
super-homem imune às fragilidades dos mortais comuns. Ele era um ser
humano autêntico.
Outra característica de Jesus que essa
história destaca é a sua atitude para com a tradição. Ele era
conservador em relação à Escritura, crendo que ela era a Palavra de
Deus. Contudo, era radical em relação à tradição, sabendo que ela
consistia somente em palavras humanas. Um radical é alguém que é crítico
acerca de todas as tradições e convenções, que se recusa a aceitá-las
apenas por terem sido herdadas do passado.
A mulher samaritana, por sua vez,
possuía uma desqualificação social tripla. Primeiro, era uma mulher; e
um homem não deveria conversar com uma mulher em público. Mas Jesus fez
aquilo que não era recomendável. Segundo, ela era samaritana, e judeus
não se relacionavam com samaritanos. Terceiro, ela era uma pecadora, já
tivera cinco maridos e agora estava morando com um homem com quem não
havia se casado. E pessoas respeitáveis, como rabinos, não se misturavam
com pecadores como ela. Assim, por três vezes, Jesus fez o que não era
aceitável. Rompeu deliberadamente convenções sociais de seu tempo. Ele
estava inteiramente livre da discriminação de gênero, do preconceito
étnico e do pedantismo moral. Ele amava e respeitava todas as pessoas e
não se esquivava de ninguém.
Sendo assim, Jesus era conservador (em
relação à Escritura) e radical (em relação à cultura) ao mesmo tempo. A
mim me parece que precisamos de uma nova geração de “CRs”, não
designando Católicos Romanos, mas conservadores radicais. - ###
Nenhum comentário:
Postar um comentário