Só por causa do Senhor
Por causa do Senhor, sejam obedientes a toda autoridade humana: ao Imperador, que é a mais alta autoridade. (1Pe 2.13)
Embora não tenham escrito suas cartas no mesmo gabinete de trabalho e na mesma ocasião nem sob a direção de um mesmo editor-geral, Pedro, Tiago, Paulo, João e Judas não se contradizem. No que diz respeito às autoridades constituídas, por exemplo, Paulo assinaria embaixo de tudo o que Pedro escreveu sobre o assunto.
O que Pedro ensina é o respeito, a obediência, a submissão, a subordinação dos cristãos, tanto ao Imperador romano, a mais alta autoridade debaixo de Deus, como aos governantes menores. O que causa impacto é que, na época, Nero, o cruel e incansável perseguidor dos cristãos, era o imperador romano (de 54 a 68 d.C.). Tanto Pedro como Paulo sofreram prisão (caso de Paulo) e martírio (caso de Pedro) sob a dominação de Nero, que foi chefe supremo do vasto Império Romano por quatorze anos.
Pedro começa a sua exortação com as palavras “por causa do Senhor” ou “em atenção ao Senhor”. Nem sempre a submissão aos chefes do Estado é algo fácil e compensador. Quase todo governo, além de não oferecer a segurança necessária, é omisso na recompensa daqueles que são cidadãos corretos e responsáveis.
A informação de Paulo de que “nenhuma autoridade existe sem a permissão de Deus” (Rm 13.1) ajuda os cristãos a se sujeitarem a ela com mais segurança. Não há nenhuma passagem explícita recomendando ou autorizando a desobediência civil. No entanto, essa possibilidade existe e é até mesmo galardoada por Deus caso haja de fato choque entre a autoridade divina e a autoridade humana. Foi em atenção a Deus que as parteiras Sifrá e Puá não obedeceram à ordem do rei do Egito para matar todo bebê do sexo masculino das mulheres israelitas (Êx 2.15-21). Graças a essa desobediência civil, Moisés não foi morto ao nascer e tornou-se o grande servo de Deus. O próprio Pedro não obedeceu às autoridades civis e religiosas quando elas não queriam que ele fizesse o que Deus lhe mandou fazer.
Obediência às autoridades pode ser virtude ou covardia!
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