sábado, 5 de outubro de 2013

Havia intervenções apocalípticas”

Publicação: 05 de Outubro de 2013 às 00:00


Alfredo Sirkis, deputado federal pelo Rio de Janeiro, aliado de Marina Silva

Por que o senhor fez esse desabafo, com críticas a Marina Silva?
Não quero estar em um jogo de aparências. Aconteceu em função de um incidente que ocorreu ontem à noite, depois da decisão do TSE Tive um fraterno desentendimento com Marina. Eu estava extremamente irritado com as pressões que ela estava sofrendo para ser candidata a presidente. E fiz um comentário sobre a Rede de que ela não gostou. Falei sobre a diversidade que existe na Rede e ela não entendeu direito uma alusão que eu fiz.

O senhor falou sobre os evangélicos de direita da Rede?

Falei que o leque ia dos evangélicos culturalmente conservadores, passando pelos social-democratas, pelos verdes, pelos ex-petistas, pela extrema esquerda até os libertários com tendência anárquica. Era um leque muito amplo e difícil para um partido que se propunha a governar. Das pessoas com tradição de esquerda da Rede eu sou a que tem melhores relações com o universo evangélico progressista. Meu comentário não foi nada desabonador. Fui apenas descritivo do grau de diversidade que a gente tem, que é muito difícil administrar. Marina ficou meio chateada com a alusão, tomou as dores. Tudo foi fruto de um clima muito emocional que havia lá dentro.

O que se discutia na reunião?
O que me deixou mesmo irritado foi uma pressão enorme para ela ser candidata a qualquer preço, quando eu acho que ela deve ser deixada absolutamente à vontade para tomar a decisão que o coração e a mente dela determinarem. Havia intervenções apocalípticas ali, como se o Brasil fosse acabar se ela não fosse candidata.

O clima era pesado?

O clima era muito de revolta, emocional. Marina ficou chateada comigo. Eu disse: “Marina, então você me comunica por mensagem o que você decidir”. Eu não deveria te dito isso. Ela ficou muito chateada, achou que foi uma ironia. Mas eu estava irritado porque acho ela deveria estar discutindo um plano B comigo, com Miro Teixeira, com Walter Feldman, há mais de um mês. Não dá para começar a discutir plano B na noite catártica de uma decisão que pelo menos para mim não teve surpresa nenhuma. Eu estava careca de saber que ia acontecer o que aconteceu.

Como foi sua saída do PV?

Seria cômico se não fosse tão triste. Sou fundador do PV, autor do manifesto do partido, fui presidente do PV por oito anos, candidato a presidente da República. Mas os dirigentes estaduais têm o grau de covardia tão grande que sequer conversaram comigo. Receberam ordem do Penna (José Luiz Penna, presidente nacional do PV). Só me restou mandar um comunicado com a minha desfiliação.

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