Os malfeitos, os interesses e as conveniências
A classe política potiguar, de A a Z, optou pelo silêncio em relação à sentença da “Pecado Capital”, que revelou o envolvimento do governo Wilma de Faria (PSB) com o esquema criminoso, a partir da participação do seu filho Lauro Maia (PSB), apontado como um dos principais beneficiados pelo malfeito.
Até aqui, nenhum “piu”. Nem dos arautos da honestidade, que costumam se apressar no pré-julgamento, principalmente quando se trata de adversários políticos.
Wilma, dessa vez, parece blindada por todos. Inclusive, resguardada no noticiário dos veículos de comunicação controlados pela classe política.
Tem explicação? Tem.
O ano é eleitoral e todos sonham contar com o seu cacife, principalmente depois que, com habilidade, a ex-governadora se firmou como um nome forte para a disputa majoritária. Ninguém quer se indispor com a socialista. Alguns até já prestaram solidariedade quando Lauro foi condenado a 16 anos de prisão, por chefiar, segundo a Justiça Federal, o esquema criminoso de desvio de dinheiro da saúde pública, desbaratado pela operação Hígia.
Portanto, a política-eleitoral de momento fala mais alto. Não deveria, mas fala.
Do outro lado, o povo embasbacado, assistindo a tudo, sem perceber que é a maior vítima.
No duro, a grande maioria, despolitizada, ainda não acordou para a gravidade dos malfeitos com o bem público, que afeta exclusivamente a própria população. Deveria ser o contrário.
O povo tem a obrigação de rechaçar esse tipo de comportamento, por simples questão: é inadmissível, sob todos os aspectos, a defesa de retorno ao poder de quem já esteve lá e não zelou pelo cofre público.
Observe que em oito anos de administração, a ex-governadora Wilma viu filhos, irmãos, genros e amigos envolvidos em escândalos de corrupção, registrados com nomes de “Hígia”, “Foliaduto”, “Foliatur”, “Sinal Fechado”, “Ouro Negro”, “Pecado Capital”, “Ponte de Todos”. Quase um escândalo por ano, que fez escoar milhões de reais pelo ralo da indecência.
Tão nocivo quanto é ver a classe política, nesse momento, derretida em proteção à ex-gestora, com o único propósito de se dar bem na campanha eleitoral que se aproxima. Esses políticos também são responsáveis pela concentração de coisas negativas na administração pública. Por conivência ou omissão.
Com um agravante: mostram-se aproveitadores de momento, não levando em consideração a banda da política com odor fétido.
Mas, nada a fazer.
Na democracia até os passos em falso têm direito a um julgamento, e na política-eleitoral esse julgamento é feito pelo próprio povo, através da arma mais democrática possível: o voto.
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