No episódio da mobilização de camelôs no centro de Mossoró, nessa segunda-feira (25), um personagem passou praticamente despercebido. A imprensa que cobriu o episódio parece que só o viu no formalismo de entrevistas burocráticas.
Ele até poderia ser protagonista, por ter a “força”.
Contudo preferiu exercitá-la por outra via: o diálogo.
O major Humberto Pimenta, comandante do Segundo Batalhão de Polícia Militar (2ºBPM), terminou o expediente esticado de ontem com um tipo de reconhecimento que raramente se tem em sua árdua missão como escudo da sociedade. Ao final do dia, em que atuou na infantaria dos acontecimentos, podia descansar em paz.
Por volta de 19h30, dezenas de camelôs o assediaram à rua Coronel Gurgel, coração comercial de Mossoró. Todos o agradeciam pelo postura equilibrada e pacifista em meio a acontecimentos tão tensos.
Foi fundamental no controle dos ânimos e na atuação vigilante e responsável de sua tropa. Inabalável na tarefa de conter excessos sem excessos.
Selfies, abraços efusivos e apertos de mão desses pequenos comerciantes informais quase o sufocam, logo que abriu a porta de uma viatura da Polícia Militar. Desceu para falar com os vereadores Tomaz Neto (PDT) e Genivan Vale (PROS), quando os ambulantes o “sitiaram”.
Mesmo com o tratamento de estrela, Pimenta parecia impassivo. Nem um leve sorriso se extraiu do seu semblante, fechado, mas não indócil.
Algumas horas antes, com farda que só o distinguia dos subordinados pelas “tiras” do oficialato, ele agiu com autoridade e não com arroubo de chefia. Foi decisivo em meio ao ambiente conflagrado.
Abraçou um exaltado manifestante que parecia irado e, sem alardes, sussurrou ao seu ouvido, como se falasse a um amigo de infância:
- Tenha calma, homem. Eu estou com vocês!
Major Pimenta tem 43 anos. Nasceu em Caicó. Tem passagens por várias cidades até assumir o atual posto em Mossoró. Está na Polícia Militar do Rio Grande do Norte desde 1991.
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