quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CARLOS SANTOS...


quinta-feira - 27/09/2012 - 08:55h
À reflexão

Um “não”, lá atrás, contra a intolerância de hoje


A Rui Nascimento e tantos outros webleitores deste Blog,
Meu caro Rui, sei de casos de amizades de infância-adolescência desfeitas após décadas, devido baixarias, ressentimentos e o besteirol de provocações na atual campanha eleitoral.
Quanta intolerância. Quanta insensatez.
Sei de casal que trocou tapas num shopping, com plateia à vista, também devido a radicalização dessa campanha em Mossoró. A família em xeque, por nada.
Meu Blog é um termômetro disso.
Diariamente chegam postagens – boa parte com nomes falsos – promovendo agressões etc. Muitas são feitas contra mim e até familiares meus. Lamentável.
Gente incapaz de ouvir, geralmente não fala: rosna e late. Pode morder também.
Quem não tem argumentos costuma atacar o argumentador. Como o leão, não para de rugir para intimidar, na crença de que tem razão sempre, por parecer que tem a força para sempre.
Pobres diabos!
A sabedoria que vem da África, atravessa o Atlântico, para nos auxiliar na compreensão ou no entendimento de tanta estupidez.
- Meu pai sempre dizia: não levante a sua voz, melhore seus argumentos (Bispo Desmond Tutu, Nobel da Paz, uma voz em defesa da igualdade, contra o apartheid na África do Sul).
Recordo que há vários anos eu circulava entre gôndolas de um supermercado, em Mossoró, e vi uma criança de no máximo dois a três anos dando um espetáculo de choro, espichada ao chão. Contorcia-se, avermelhada, à cata de atenção da mãe. Ela ignorava-a.
De repente, vendo que não teria o iogurte pedido em tom de pressão emocional, pura chantagem, a criança emudeceu. Beicinho desfeito, pegou novamente a mão de sua mãe e continuou o périplo de compras.
Pensei comigo: essa menininha crescerá entendendo o que é “limite”; saberá bem o significado do “não”; será tolerante.
A mãe, orgulhosa, vai afirmar: “Essa é minha filha!”
Boa parte de tanta virulência tem explicações no passado. Os intolerantes – quase sem exceção – cresceram acreditando que podem tudo, que merecem tudo, que nada pode lhes barrar. Não aceitam ser contrariados.
Um “não”, lá atrás, poderia nos poupar de muita agressividade que testemunhamos hoje. Preservaria amizades, por exemplo.
Ah, por favor, não me venha com aquele raciocínio: “Fulano faz isso porque tem um cargo; tem o que perder…!”
Existem dezenas e centenas de pessoas com cargos comissionados, com privilégios, fartas vantagens em jogo, mas nem todas – ou a grande maioria – não desce ao lamaçal, mesmo tendo o que perder.
O problema não é o que se tem a perder, mas o que não se conquistou antes: a capacidade de ouvir.
Um “não”, lá atrás, poderia nos poupar das agressões.
Agressão não se rebate. Revida-se. Ou não.
No meu caso, o silêncio e a indiferença são infalíveis diante dos que espumam de ódio e vassalagem doentia. Como aquela criancinha, o indivíduo hidrófobo deseja chamar a atenção. Quer notoriedade, para que lhe façam os gostos. O gosto de ser visto e paparicado como algo melhor e superior.
Ao me calar, não manifesto consentimento. Digo, sem voz, que não troco juízo com estúpidos.
Continuarão esperneando, espichados no pântano em que vivem há tempos, como vermículos. Esse é seu ambiente. Lá ficarão.
É isso, Rui e demais amigos webleitores.
Abração.

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