sexta-feira, 22 de agosto de 2014

*** - Novelas românticas.- ***

 
As pessoas tiram dos livros a ideia de que, se casarem com a pessoa certa, continuarão “apaixonadas” a vida toda.
O resultado é que, quando acham que não estão mais apaixonadas, concluem que cometeram um erro e podem mudar — sem perceber que, quando mudarem, o glamour do novo amor acabará se perdendo da mesma forma que desapareceu do antigo.
Nessa área da vida, como em qualquer outra, a emoção vem no começo e não perdura. A emoção que um garoto sente com a ideia de voar pela primeira vez não durará quando ele já estiver na Força Aérea aprendendo a voar. O encanto que sentimos quando vemos um lugar bonito pela primeira vez esmorece quando passamos a morar lá.
Outra ideia que tiramos das novelas e do cinema é que “apaixonar-se” é algo irresistível; algo que a gente simplesmente “pega” como sarampo. E, por acreditarem nisso, muitas pessoas casadas logo desistem quando se veem atraídas por um novo parceiro. Porém, estou inclinado a acreditar que essas paixões irresistíveis são mais raras na vida real do que nos livros, pelo menos quando se é adulto. Quando encontramos uma pessoa bonita, inteligente e simpática, é claro que, em certo sentido, amamos, admiramos e louvamos essas boas qualidades. Mas, será que não é uma questão de escolha deixar esse amor virar ou não o que chamamos de “estar apaixonado”?
Não há dúvida de que, se a nossa mente estiver cheia de novelas, peças e músicas sentimentais, e o nosso corpo saturado de álcool, acabaremos achando que todo tipo de amor que sentimos é aquele; da mesma forma que, se houver uma vala em seu caminho, toda a água da chuva correrá por essa vala, e se você usar óculos com lentes azuis, verá tudo azul. No entanto, será tudo culpa sua.

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