*** - O saudoso verbo pastorear. - ***
Pedro tinha na mente duas lembranças impossíveis de esquecer. A primeira era muito desagradável e deprimente – a lembrança daquele galo madrugador que cantou logo depois da sua tríplice negação de Cristo no terreiro da casa de Caifás (Mt 26.74). A segunda era agradabilíssima e animadora – a lembrança do verbo pastorear, que Jesus usou três vezes na cerimônia de sua restauração realizada à beira-mar numa bela manhã (Jo 21.15-18). Apesar do vergonhoso fracasso, o Senhor não desistiu de Pedro e ordenou que ele pastorasse as suas ovelhas (de Jesus).
Muitos anos depois, perto de seu martírio, no final do reinado de Nero (54-68), Pedro usa o saudoso verbo pastorear para se dirigir aos “anciãos” da Ásia menor: “Pastoreiem o rebanho [de ovelhas] de Deus que está aos seus cuidados” (1Pe 5.2, NVI).
Não se trata de uma ordem fria, formal ou legalista. Pedro entra em pormenores válidos tanto na época como hoje. Pastoreiem não por obrigação, não por constrangimento, não por imposição, não por alguma recompensa em vista. Mas de livre e espontânea vontade, de bom grado, por devoção, pelo desejo de servir e agradar a Deus. Já naquele tempo, o apóstolo afastou a ideia de ganância financeira, de lucro sórdido, de uma tabela de salários cada vez mais gordos de acordo com o número de conversões ou de batizados, a criminosa ideia da franquia (sistema pelo qual uma igreja detentora de um título concede seu nome e seu prestígio para um obreiro começar o mesmo trabalho em outra rua, outro bairro, outra cidade ou outro país).
Além do mais, os pastores aos quais Pedro se dirige não devem se considerar donos do rebanho, pequenos deuses, mandachuvas e dominadores. Então, quando o Grande Pastor aparecer de repente, eles receberão “a coroa gloriosa, que nunca perde seu brilho” (1Pe 5.3-4)
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