Amor de mãe
“É tudo mentira. Mentira das mais baixas e perversas. Pode alguém amar o filho deles mais do que eu amei? Todos esses anos, eu não vivi somente para sua memória?”
“E esse foi exatamente o seu erro, Pam. No fundo do seu coração você sabe que foi.”
“O que foi um erro?”
“Todos esses dez anos de tristeza. Mantendo o quarto dele exatamente do jeito que ele o deixou, comemorando aniversários, recusando-se a deixar aquela casa, por mais miseráveis que Dick e Muriel se sentissem nela.”
“É claro que eles não se importavam. Eu sei disso. Logo aprendi a não esperar compaixão ou solidariedade verdadeira da parte deles.”
“Você está errada. Homem algum sentiu tanto a morte do filho como Dick. Não existem muitas meninas que amaram os seus irmãos mais do que Muriel o amou. Não foi contra Michael que eles se revoltaram e sim contra você; contra o fato de permitir que sua vida seja dominada pela tirania do passado. Na verdade, nem mesmo o passado de Michael, mas o seu.”
“Até parece que você não tem coração. O mundo todo está contra mim! Afinal de contas, o passado era tudo o que eu tinha.”
“Foi tudo o que você escolheu ter. Você optou pela maneira errada de lidar com o luto. Você usou o ritual egípcio, tentando embalsamar um corpo morto.”
“Ah, já entendi tudo. Eu estava totalmente equivocada. Para você, nada do que eu diga ou faça está certo.”
“Mas é claro!”, disse o Espírito, brilhando de tanto amor e alegria que ofuscou os meus olhos. “É isso que todos nós encontramos quando chegamos a este país. Todos nós estávamos enganados! Essa é a grande piada. Não há necessidade de continuar fingindo que alguém estava certo! Só depois disso é que começamos a viver.”
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