Temer pedirá no STF acesso à delação do JBS
Em reunião encerrada na madrugada desta quinta-feira, no Palácio do Jaburu, Michel Temer informou aos ministros palacianos que pedirá ao Supremo Tribunal Federal que lhe dê acesso ao conteúdo das delações do Grupo JBS. Quer saber em que condições foi citado e gravado pelo empresário Joesley Batista. Participaram da conversa com o presidente os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaira-Geral da Presidência), Antonio Imbassahy (Relações Institucionais) e o líder do governo no Senado Romero Jucá. Todos gravaram vídeos em defesa de Temer e da continuidade das reformas.
Horas antes, quando soube da notícia sobre o novo lote de delações, Temer irritou-se. Cogitou convocar os repórteres para refutar as informações veiculadas no Globopelo repórter Lauro Jardim. Foi aconselhado a esperar até que tivesse acesso aos dados armazenados no Supremo, sob a guarda do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato. Avaliou-se que o momento, por delicado, não recomenda que o presidente faça declarações das quais possa se arrepender. Optou-se pela divulgação de uma nota oficial.
Temer reconheceu ter conversado com Joesley no Jaburu, em março. Admitiu para seus auxiliares que falaram sobre Eduardo Cunha. Nessa versão, o empresário apenas teria informado ao presidente que decidira prestar socorro monetário à família do ex-presidente da Câmara, preso em Curitiba. Temer disse não ter solicitado a “compra” do silêncio de Cunha. Na versão de Joesley, o presidente da República ouviu dele a revelação de que estaria pagando uma mesada a Cunha e ao doleiro dele, Lucio Funaro, preso em Brasília. Em troca, a dupla se absteve de delatar. Sem saber que estava sendo gravado, Temer estimulou: ''Tem que manter isso, viu?''.
Joesley contou à Procuradoria-Geral da Repúclica que Temer lhe indicou o amigo e deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver uma encrenca relacionada à J&F, holding que controla a JBS. Depois, Loures foi filmado pela Polícia Federal recebendo R$ 550 mil enviados pelo empresário. Temer disse que não se recorda de ter indicado Loures para coisa nenhuma. E afirma não ter conversado sobre dinheiro.
Antes de saber que a delação do JBS lhe explodiria sobre a cabeça, Temer havia marcado audiências com 20 parlamentares nesta quinta-feira. Vai recebê-los individualmente. Descartou a hipótese de alterar sua rotina.
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