Transição de Janot para Dodge exclui informações sobre caso Michel Temer
O processo de transição da gestão de Rodrigo Janot para Raquel Dodge na Procuradoria-Geral da República foi contaminado pelo vírus da desconfiança. A apenas 24 dias da troca de comando, a equipe de Janot não compartilhou com a nova procuradora-geral ou com seus futuros auxiliares os dados sobre a investigação que envolve Michel Temer. Mantida a atual política do pé atrás, Dodge só deve tomar conhecimento do que está por vir quando a segunda denúncia contra o presidente da República estiver pronta para ganhar as manchetes.
Janot se equipa para denunciar Temer novamente perante o Supremo Tribunal Federal antes de 17 de setembro, quando expira o seu mandato à frente da chefia do Ministério Público da União. Não é por falta de matéria-prima que sua sucessora vem sendo mantida no escuro. A preparação da peça acusatória está em estágio avançado. Incluirá informações extraídas da colaboração judicial do doleiro Lúcio Funaro. O acordo de delação foi firmado na última terça-feira. Raquel Dodge herdará o acompanhamento do caso. Mas não foi informada dos detalhes.
Na mesma terça-feira, a nova procuradora-geral divulgou os nomes de 12 colegas que ocuparão os principais postos do seu staff. A julgar pela biografia de Dodge e pelo histórico dos seus escolhidos, a desconfiança de Janot é irracional e imotivada. O doutor avisara que, enquanto tivesse bambu, mandaria flechas. A tribo de sua sucessora é feita de procuradores que têm o hábito de molhar a ponta da flecha no curare —um veneno paralisante que os índios extraem de plantas do gênero Strychnos.
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