Edição de domingo, 20 de novembro de 2011
Observatório DN
Juliska Azevedo //
O caos no HWG e o álcool-gel
Autoridades políticas foram finalmente ver de perto a situação caótica, digna de um hospital de campanha, em que funciona o maior centro de emergência do estado, o Hospital Walfredo Gurgel. A visita do representante do Ministério da Saúde, acompanhado do Secretário Estadual de Saúde, Domício Arruda e do deputado federal Henrique Alves (PMDB) - será que ele já havia estado lá? - foi além do anúncio de inclusão no SOS Emergência do Governo Federal. Foi o encontro entre dois mundos opostos. Era interessante observar as reações de ambas as partes: a dos salvadores da pátria, que adentravam no hospital representando as três esferas de poder e prometendo mudanças, e a dos sofridos pacientes, amontoados em macas nos corredores, à espera de leitos de UTI, entre fezes, sangue e ferimentos abertos. Alguns apelavam em pedidos de providências, bombardeavam os visitantes com reclamações. Até uma funcionária gritou que estava ali há 30 anos e ainda não tinha visto melhorias. Mas uma das cenas mais emblemáticas ocorreu quando, após a coletiva mas ainda dentro do hospital, uma senhora que acompanhava as autoridades passou um recipiente de álcool-gel de mão em mão. Era como se a substância pudesse desinfectá-los, rapidamente, da tragédia que presenciavam. O gesto público pareceu dar força à voz da funcionária antiga e desesperançada. Diante da cena, espera-se que a lavagem das mãos perante os pacientes tenha sido só uma infeliz coincidência, porque, para quem padece nas macas, a única motivação é a esperança. Só.
Nenhum comentário:
Postar um comentário