Cassação de Cláudia e Wellington
Promotoras reforçam denúncias através do TRE
As promotoras
eleitorais Ana Ximenes e Karine Crispim levantaram um cabedal de
documentos e argumentos, cobrando da Justiça Eleitoral a cassação da
prefeita e do vice-prefeito mossorenses – Cláudia Regina (DEM) e
Wellington Filho (PMDB) – eleitos ano passado.
Tem mais: não satisfeita em protocolarem
as demandas na primeira instância, em janeiro deste ano elas
apresentaram um Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED) no próprio
Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
É um instrumento jurídico mais ágil.
Pelo visto, as promotoras tinham cansado à espera de decisões sobre as
matérias apresentadas na Justiça Eleitoral em Mossoró. No RCED, não há
qualquer elemento novo, mas síntese do que elas teriam obtido contra os
dois candidatos em plena campanha.
Veja abaixo o que tramita no TRE em termos de denúncias:
Apoio em troca de emprego
A governadora Rosalba Ciarlini (DEM),
também foi citada no processo pela nomeação de Rafaela Nogueira da
Rocha para um cargo comissionado no Detran. Ela é filha do vereador
Chico da Prefeitura (DEM), que estaria insatisfeito com o fato do DEM
não ter o escolhido como candidato do partido a Prefeitura e sim
Cláudia Regina. Ao nomear a filha dele, que tinha até mais proximidade
com a candidata adversária, Larissa Rosado (PSB), Rosalba conseguiria a
garantia de apoio de Chico. Segundo o MP, a nomeação não considerou
qualquer aspecto técnico para o cargo, visto que ela é formada em
Direito e passou a ocupar o cargo de coordenadora financeira.
Voto por cimento
O primeiro fato aventado na campanha
eleitoral dos recorridos diz respeito à troca dos votos dos eleitores
por sacos de cimentos. A referida captação ilícita de sufrágio foi
flagrada pelo Ministério Público Eleitoral, juntamente com a Polícia
Federal, após recebimento de denúncia anônima de compras de votos no
estabelecimento comercial intitulado como Akanaa Construções. Segundo o
ato da prisão em flagrante revelador do esquema de compra de votos em
prol dos recorridos, o eleitor apresentava-se na loja na posse de um
cupom e recebia um comprovante de pagamento de cimento no valor de R$
50. A entrega do bem “cimento” era ajustada com o eleitor para
acontecer somente dois dias após a votação, de maneira a construir um
elo psíquico com o eleitor portador do cupom/comprovante que garantia
seu voto nos candidatos recorridos.
Voto por óculos
Também após recebimento de denúncia
anônima, o Ministério Público tomou conhecimento de que a Ótica Boa
Vista, localizada em Mossoró, também trocava cupons por comprovantes de
pagamento que garantiam o recebimento de óculos de grau pelos
eleitores também dois dias após a votação, como pagamento pelo voto
dado aos representados. Para comprovar a acusação, o MPE recebeu três
referidos cupons-senhas, os quais serviam para serem trocados por
comprovantes de pagamento que garantiam fornecimento dos óculos.
Filantropia e apostasDurante a campanha em Mossoró, houve a declaração pública de um dos financiadores da campanha eleitoral dos recorridos, o empresário Edvaldo Fagundes, quando, em entrevista a um jornal da cidade, asseverou dois dias antes da votação que, caso Cláudia Regina fosse eleita, efetuaria a doação de valores que seriam recebidos a titulo de apostas a quatro instituições filantrópicas da cidade de Mossoró: a APAE, o abrigo Amantino Câmara, o lar da Criança Pobre e a casa dos Doentes Renais. Segundo o MP, a promessa de doação em caso de vitória dos candidatos recorridos provocou forte impacto e, embora mascarada de ato filantrópico, consistiu em acintosa ofensa à legislação eleitoral e ao direito de sufrágio.
Reuniões em pleno expediente
O MP denunciou também a realização de
uma reunião de servidores públicos municipais durante horário de
expediente com o intento de organizar e adotar estratégias para a
campanha eleitoral de Cláudia Regina e Wellington Filho. Após denúncia
ofertada em setembro, foi lavrado pelos fiscais da Justiça Eleitoral
auto de constatação de reunião político-eleitoral ocorrida numa
residência localizada em Nova Betânia, em Mossoró, onde se observou a
presença de servidores públicos em horário regular de expediente. Como o
acesso era livre a qualquer pessoa, os fiscais adentraram no imóvel
com o afã de colher fotografias e realizar filmagens que permitissem
comprovar o ilícito eleitoral. O chefe do gabinete da Prefeitura,
Gustavo Rosado, que hoje é secretário de Cultura de Mossoró, conduzia a
reunião.
Uso de servidor público
Policiais rodoviários federais, em
cooperação com o MPE, abordaram dois veículos que circulavam pelo
bairro Castelo Branco com servidores municipais dentro. Materiais de
campanha de Cláudia Regina e formulários a serem preenchidos com o nome
da pessoa e endereço. Além disso, na denúncia do MP, o secretário de
Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente, Alexandre Lopes, tinha
reuniões diárias, em horário de expediente, com servidores municipais
para discutir a campanha eleitoral.
Helicóptero, Hilux, prestação de contas
O Ministério Público Eleitoral também
constatou irregularidades a respeito da prestação de contas da campanha
de Cláudia Regina. Entre elas a omissão da prefeita eleita de
apresentar perante a Justiça Eleitoral a prestação de contas quanto à
utilização de helicóptero durante a campanha eleitoral. Segundo o MPE,
há provas também que o helicóptero era integrado com o uso de mais 20
caminhonetas Hilux, de propriedade do empresário Edvaldo Fagundes
(aquele mesmo da doação em dinheiro). Segundo Ana Ximenes, vale
ressaltar que “o valor de R$ 1.341.814,20 consiste em dinheiro
ilicitamente utilizado na campanha eleitoral dos recorridos, e que,
desse montante, cerca de pelo menos R$ 1.200.000,00 sequer foi
declarado na prestação de contas apresentada”. Isso corresponde a 42,5%
do valor total recebido pela chapa do DEM durante a campanha.
Com informações do Jornal de Hoje.
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