A questão da comida sacrificada aos ídolos
Com respeito aos alimentos sacrificados aos ídolos, sabemos que todos temos conhecimento. O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica. [1 Coríntios 8.1]O texto de hoje nos conduz ao centro de um dos mais acalorados debates que sacudiram a igreja do primeiro século. Teriam os discípulos de Jesus permissão para comer carne que, antes de ser vendida no açougue, havia sido usada em rituais de sacrifício pagão? Ou o consumo dessa carne seria equivalente à idolatria?
As opiniões se dividiam; de um lado, os fracos, e de outro, os fortes. De um lado, aqueles que tinham consciência forte tinham um bom conhecimento teológico. Sabiam que os ídolos não significavam nada, de modo que não tinham escrúpulos com relação a comer. E estavam certos. No entanto, não respeitavam os fracos, questionando suas consciências de modo ofensivo. No caso deles, o conhecimento precisava ser temperado com amor. Por outro lado, os de consciência fraca eram, provavelmente, recém-convertidos, que ainda estavam habituados a uma vida idólatra, ansiosos acerca de tudo, pois queriam servir a Deus fielmente. Eles nem sequer tocavam nas carnes oferecidas aos ídolos. A resolução de não pactuar com ídolos estava certa, mas a teologia deles era fraca. No caso deles, seu amor a Deus precisava ser fortalecido através de um conhecimento sadio. Os fortes precisavam ser mais bondosos e pacientes, e os fracos precisavam de mais conhecimento.
A expressão-chave é: “O conhecimento traz orgulho, mas o amor edifica” (v. 1). O conhecimento traz liberdade (v. 4-8). Sabemos que há somente um Deus, e o nosso monoteísmo nos dá liberdade de pensar e agir. Mas algumas pessoas não têm esse conhecimento e, portanto, não têm essa liberdade. Logo, o amor deve ser um limitador da liberdade (v. 9-13). Se alguém de consciência fraca vê você (uma pessoa de conhecimento) comendo acintosamente em um templo pagão, pode ser induzido a seguir seu exemplo e ficar com a consciência ferida.
A partir desse antigo debate, duas verdades permanecem. Primeiro, as consciências devem ser respeitadas. Elas não são infalíveis. Precisam ser educadas, mas não devem ser feridas. Não devemos menosprezar a consciência das pessoas. Segundo, o amor limita a liberdade. Nossa consciência, educada pela Palavra de Deus, nos dá grande liberdade de ação. No entanto, isso não significa que podemos defender a nossa liberdade à custa de outras pessoas. O conhecimento dá liberdade, mas o amor a limita.
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