O primeiro vislumbre do reino dos céus
Tenho plena consciência de que a expressão “entregar tudo a Deus” pode ser mal interpretada, mas ela deve ficar assim por enquanto.O sentido no qual um cristão entrega tudo a Deus é o de que ele coloca toda a sua confiança em Cristo, certo de que, de alguma forma, Cristo irá compartilhar com ele a perfeita obediência humana que ele cumpriu desde o seu nascimento até a sua crucificação; que Cristo o tornará mais parecido com ele e que, de certa forma, tornará as suas deficiências boas.
Na linguagem cristã, ele há de compartilhar a sua “condição de Filho” conosco, tornando-nos, como ele mesmo, “Filhos de Deus”. [...] Em outras palavras, Cristo oferece alguma coisa por nada; ele até oferece tudo por nada. Em certo sentido, toda a vida cristã consiste em aceitar essa notável oferta. Porém, a dificuldade está em alcançar o ponto de reconhecer que tudo o que fizermos e que podemos fazer não é nada. O que nós mais queríamos era que Deus contasse nossos pontos positivos e ignorasse os negativos.
Novamente, em certo sentido, você poderia dizer que nenhuma tentação é superada até que deixemos de tentar superá-la – jogando a toalha. Porém, então você não conseguirá “parar de tentar” da maneira certa e pela razão certa até que tenha tentado o máximo possível. Ainda, em outro sentido, entregar tudo a Deus não quer dizer, é claro, que você deve parar de tentar. Confiar nele significa tentar fazer tudo o que ele diz. Não faria sentido algum dizer que você confia em uma pessoa cujos conselhos você rejeita. Assim, se você realmente se entregou a Cristo, deduz-se que você está tentando ser obediente a ele – mas de uma nova maneira, menos desesperada.
Então, você para de tentar fazer coisas para ser salvo, porque ele já começou a lhe salvar. Deixa de esperar o céu como recompensa por suas ações e inevitavelmente passa a querer agir da forma certa, porque o primeiro vislumbre do reino dos céus já está dentro de você.
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