quarta-feira, 7 de junho de 2017
De Brasília ao RN A prisão do ex-ministro e ex-deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) não surpreende a quem acompanha o dia a dia da Lava Jato e seus desdobramentos. Era a bola da vez, indicavam os bastidores. O próprio Henrique sabia e era consciente. O cerco havia se fechado havia tempo, quando o nome do líder da tradicional família Alves tinha aparecido em casos de relevo dentro da engenharia desmantelada pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal e força-tarefa da Lava Jato. Em junho do ano passado, citado em delações da Lava Jato, ele pediu demissão do cargo de ministro do Turismo. Mergulhou para sair do noticiário. Não conseguiu. Outras delações surgiram e, igualmente, seu nome estava citado. Mais recentemente, apareceu na delação da JBS, o que fez o Ministério Público Federal e a Polícia Federal acelerar os passos da Operação Manus, deflagrada nesta terça-feira, 6, com a prisão de Alves. Ele é réu em pelo menos outras duas ações no Distrito Federal. No primeiro caso, é acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas em razão de depósito milionário em conta mantida por ele na Suíça. A denúncia é baseada em dados enviados da Europa para autoridades brasileiras. Na conta, que está bloqueada, foram encontrados 800 mil francos suíços, cerca de R$ 2,8 milhões. Em outro processo, também em tramitação na Justiça Federal em Brasília, Henrique Eduardo Alves é acusado de improbidade administrativa. De acordo com a Procuradoria, a ação foi proposta em 2004 e apura indícios de enriquecimento ilícito entre os anos de 1998 e 2002. Sua primeira ex-mulher o acusou de omitir da Receita Federal uma fortuna de US$ 15 milhões no exterior. Diante das denúncias, o nome dele foi descartado como vice de José Serra (PSDB) nas eleições presidenciais de 2002. A deputada Rita Camata foi chamada para compor a chapa, que acabou derrotada com a primeira eleição do presidente Lula. Pois bem… A “folha corrida” de Henrique, embora ele nunca tenha sido condenado em instância superior, não provoca surpresa. Muito menos a sua prisão, como já dito acima. Agora, é fato que a Operação Manus terá peso enorme na crise política de Brasília, que se torna aguda neste momento, e no processo sucessório estadual do RN de 2018. Amigo leal do presidente Michel Temer (PMDB) e de livre trânsito no Palácio do Planalto, Henrique pode ser o “fiel” da balança no julgamento da chapa Dilma–Temer iniciado no TSE, embora os ministros afirmem que não decidirão pressionados pelo clima político. Quanto à sucessão estadual, o grupo político-familiar Alves fica bastante avariado para oferecer um nome ao Governo capaz de atrair o cidadão-eleitor.
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