segunda-feira, 3 de março de 2014

Aquelas noites do sertão


Por Honório de Medeiros
* Em memória de Compadre Adauto Fernandes
Naquelas noites do Sertão a escuridão tomava conta da entrada do Sítio onde, à luz do lampião, Compadre Adauto Fernandes – eu, menino, o chamava assim, e ele assim me tratava – reunia, no seu entorno, a família e os amigos para uma xícara de café e ouvirem as estórias que constituíam a antiga tradição oral dos nossos antepassados.
Às vezes havia lua e o mar de prata criava ademanes fantasmagóricos nos arbustos lá fora, no terreiro; ao vê-los instintivamente aproximava-mo-nos um pouco mais do círculos dos adultos e somente relaxávamos quando sua risada cristalina pontuava essas estórias; até então, ele nos deixara, a todos, em permanente suspense.
Decerto nunca mais pude fugir de um compromisso alegando uma mentira inocente sem recordá-lo e a um desses “causos” em especial.

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