Aquelas noites do sertão
Por Honório de Medeiros
* Em memória de Compadre Adauto Fernandes
Naquelas noites do Sertão a escuridão
tomava conta da entrada do Sítio onde, à luz do lampião, Compadre Adauto
Fernandes – eu, menino, o chamava assim, e ele assim me tratava –
reunia, no seu entorno, a família e os amigos para uma xícara de café e
ouvirem as estórias que constituíam a antiga tradição oral dos nossos
antepassados.
Às vezes havia lua e o mar de prata
criava ademanes fantasmagóricos nos arbustos lá fora, no terreiro; ao
vê-los instintivamente aproximava-mo-nos um pouco mais do círculos dos
adultos e somente relaxávamos quando sua risada cristalina pontuava
essas estórias; até então, ele nos deixara, a todos, em permanente
suspense.
Decerto nunca mais pude fugir de um compromisso alegando uma mentira inocente sem recordá-lo e a um desses “causos” em especial.

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