sábado, 23 de abril de 2016

A ponta (mensalão) do iceberg (petrolão) O Mensalão apenas revelou a ponta do iceberg da organização criminosa desmantelada pela operação Lava Jato. A afirmação foi feita pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, durante palestra organizada por estudantes brasileiros da Universidade de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos. Para comprovar, diante de uma plateia de empresários, políticos e pensadores, Janot usou a frieza dos números. Segundo ele, no Mensalão houve 40 denunciados e 25 réus condenados. Na Lava Jato os números são assustadores. Veja: Na primeira instância foram 1.177 procedimentos investigatórios instaurados; 574 mandados de busca e apreensão; 5 prisões em flagrante; 152 mandados de condução coercitiva, dentre eles o do ex-presidente Lula (PT); 155 mandados de prisão cumpridas (70 preventivas); 37 denúncias contra 179 pessoas; 6 acusações de improbidade administrativa contra 34 pessoas físicas e 16 empresas. No Supremo Tribunal Federal (STF) foram: 47 inquéritos judiciais instaurados; 118 mandados de busca e apreensão; 126 quebras de sigilos fiscais, 115 de sigilos telefônicos, 146 de sigilos bancários e 2 sigilos telemáticos; 13 mandados de sequestro de bens, 4 de sequestro de valores; 5 prisões preventivas; 9 denúncias contra 32 pessoas. Janot destacou ainda que o valor cobrado nessas demandas, entre ressarcimento, multas e restituições está na ordem de 6.2 bilhões de dólares. Os valores recuperados, bloqueados ou acordados já têm em torno de 830 milhões de dólares. E repatriados já foi possível chegar a 140 milhões de dólares. Diante desses números, inquestionáveis, porque são números concretos, Rodrigo Janot ressaltou que ainda há partes do icerberg que precisam ser descobertas. O procurador refutou três mitos que o governo tentou construir para passar a ideia de “perseguido”, na clássica vitimização: 1 – prisões são feitas para motivar delações premiadas; 2 – a Lava Jato seria responsável pela crise na política; 3 – operação é responsável pela crise na economia do País, ideia sugerida pelo ex-presidente Lula. A palestra de Rodrigo Janot, para uma plateia qualificada, poderia e deveria acontecer em setores menos favorecidos, povoados pelos menos esclarecidos politicamente, pois assim inibiria a ação de políticos corruptos de manipulação da opinião popular. Quando estourou o mensalão, prevaleceu a ideia de que foi “apenas” um “caixa 2” de campanha. A cabeça do esquema criminoso passou ileso. Agora, a mesma cabeça tenta a impunidade com o discurso de “golpe”.

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