quarta-feira, 20 de abril de 2016

As carradas do lixo milionário A Prefeitura de Mossoró faz propaganda que já retirou 400 carradas de lixo das ruas da cidade e vai remover outras 200 carradas. Vende a ação como grande feito. Beleza. Agora, não observa que na hora que anuncia a remoção de 600 carradas de lixo deixa entendido que a cidade estava imunda. E se era um grande lixão onde estava a terceirizada da coleta de lixo? E se a terceirizada não vinha cumprindo o seu dever, qual o destino dos milhões de reais que foram pagos pelo serviço? Pois bem. Por trás da propaganda oficial existe uma situação nebulosa a ser esclarecida, que é exatamente o milionário lixo de Mossoró. Há duas semanas a Prefeitura assinou contrato emergencial de 180 dias (seis meses) no valor de quase R$ 10 milhões com a Vale Norte, empresa da cidade de Juazeiro da Bahia. Sem licitação. O negócio gerou suspeita. Os caminhões da Vale Norte chegaram à cidade na primeira quinzena de janeiro, quando a Prefeitura havia acabado de ampliar o contrato com a paulista Sanepav por mais de R$ 9 milhões. Descoberta pelo JORNAL DE FATO, a empresa baiana negou que estivesse chegando para trabalhar no município, informando que o alvo era outra região, sem citar nomes. Dois meses se passaram até que a assinatura da Vale Norte apareceu no Jornal Oficial do Município, como ganhadora do contrato milionário para substituir a Sanepav na limpeza pública. A Vale, que estava na cidade desde janeiro, adivinhou que a Prefeitura iria precisar dela de forma emergencial. O leitor acredita? O curioso é que no mesmo dia da publicação do contrato, a baiana já estava nas ruas da cidade, uniformizada, caminhões envelopados com a marca da Prefeitura, fazendo a coleta de lixo, numa agilidade impressionante. Também no mesmo dia, a Sanepav assinou aviso prévio de seus funcionários retroativo há 30 dias e os mesmos passaram a fazer parte do quadro da Vale Norte. O vereador Tomaz Neto (PDT), desconfiado com a engenhoca e sentindo o mau cheiro exalado pelo lixo, sugeriu a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara Municipal para investigar o caso. Ao mesmo tempo, provocou o Ministério Público a cumprir o seu dever de proteger o patrimônio público, a partir de uma investigação do que ele considera o “escândalo do lixo”. Até aqui, porém, nem a Câmara Municipal se manifestou, nem o MP confirmou ou negou a investigação. O fato é que enquanto a Prefeitura propaga a retirada das ruas de carradas e mais carradas de lixo, o cidadão vai perdendo de vista carradas e mais carradas de dinheiro público.



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