terça-feira, 19 de abril de 2016

O começo do fim É muito pouco provável que o Senado recuse-se a julgar a presidente Dilma Rousseff (PT), pela forma contundente que a admissibilidade do processo de impeachment foi aprovado na Câmara dos Deputados, em votação história na noite de domingo (17). Bem mais dos necessários 2/3 foi carimbado no plenário da Casa, reforçando e legitimidade da decisão, e, por gravidade, derrubando por terra a tese de “golpe” repetida à exaustão pelo Palácio do Planalto. Não restou sustentado nem mesmo o discurso de que a oposição quer tirar do poder uma presidente eleita por 54 milhões de votos, uma vez que os 367 deputados do “sim”, juntos, foram eleitos por mais de 90 milhões de votos. A admissão do pedido no Senado está prevista para ocorrer até 11 de maio, mas pode acontecer bem antes. Não custa lembrar que o Senado precisou só de quatro dias para julgar o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Era outro tempo, outra situação, certo, no entanto, o Palácio hoje não se apresenta capaz de retardar a decisão, por todos os problemas que se apresentam de forma bem clara, como a crise política, econômica e ética. Lógico que, apesar de fragilizada, a presidente vai jogar o jogo político, num ambiente adverso, reconheça-se, mas que há uma faísca de esperança. O Planalto prepara ofensiva para atingir a base dos pilares que sustentam o processo de impea-chment, representado pelo vice-presidente Michel Temer. Alvejar a imagem do vice, trazendo para dentro do embate a ira dos movimentos mantidos pelo contracheque, é uma das missões delegadas ao PT, que sabe desempenhar essa atividade como poucos. Porém, a presidente sabe que a estratégia tem uma margem de risco enorme, uma vez que o Senado, bem mais qualificado do que a Baixa Câmara, não se permitirá ao desfrute de um processo tumul-tuado e de pouco nível. Outra observação, de grande relevância, é que no momento que o Senado admitir o julgamento, automaticamente afastará a presidente por 180 dias e ela passará a lutar sem a sua principal arma, a caneta, o que dificultará enormemente o convencimento de senadores para derrotar o impeachment. Pior do que isso, é a situação que a Câmara impôs a Dilma, com a maioria esmagadora a favor do impedimento: presidente de direito, mas de fato, não. Nem a turma do baixo clero, aquela que se contenta com o varejo, aceitou atender a ligação disparada do Palácio do Planalto. É o fim, como murmurou um seleto grupo que acompanhou o “sim” na Biblioteca do Planalto.


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