domingo, 20 de novembro de 2011

politicos estão distante do novo pais..

São Paulo (AE) - O Brasil tem hoje uma sociedade dinâmica, que está levando adiante uma importante revolução comportamental, e o mundo político se move como se nada estivesse ocorrendo. No dia a dia, ele debate um País que não existe mais. Esse contraste, na avaliação de estudiosos, é um dos eixos centrais do relatório preliminar do Censo 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O novo Censo, que revelou a persistência de tantas desigualdades, mostra que nossa classe política não tem visão de futuro nem das urgências e dos gargalos", resume o cientista político Aldo Fornazieri, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Vão na mesma direção outros especialistas ouvidos pela reportagem. "Vivemos uma revolução no comportamento da sociedade e os políticos agem como se nada estivesse acontecendo", acrescenta Maria Celina d'Araújo, professora da Sociologia e Política da PUC-Rio. Ilustram essas mudanças dados do Censo 2010 como a redução da taxa de fecundidade - hoje em 1,86 filho por mulher - e o índice de 36% de casamentos que são uniões consensuais, sem igreja nem cartório. "Não só a mulher mudou, a família também mudou. Saúde, educação e direitos sociais têm de ser adaptados a novos cenários e não vemos gente discutindo isso", afirma a professora.

Como eles, Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, lembra que o avanço social tão comemorado foi menor que o que se dizia. "Os partidos capitalizaram politicamente, de modo exagerado. As desigualdades continuam, e graves, como já havia apontado o IDH divulgado pelo Pnud", diz ele. É por isso que Fornazieri entende o Censo 2010 como "um alerta para a classe política". Não só porque os avanços sociais vão numa velocidade muito lenta, mas porque o Brasil vive hoje, demograficamente, o chamado bônus social - um momento em que há mais gente entrando no mercado, e portanto contribuindo para a Previdência, e relativamente pouca gente se aposentando.

"Esta é a hora de dar o pulo do gato e não estamos fazendo isso", adverte, dizendo-se "assustado com a falta desse sentido de urgência". Dentro de três décadas, continua o professor, "esse bônus desaparece e o futuro começará a ser bem mais complicado".

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