sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Chuvas fortes matam 45 no Sudeste

Publicação: 27 de Dezembro de 2013 às 00:00
Colatina (AE) - Com localidades no norte e noroeste do Espírito Santo ainda isoladas por causa das fortes chuvas que atingem o Estado, a Defesa Civil capixaba já soma em 27 o número de mortos. As buscas por corpos e sobreviventes ainda continuam. Isso porque apenas ontem, segundo dia de sol, foi possível chegar em cidades destruídas, como Itaguaçu. O número de desabrigados também cresceu: 60 mil pessoas estão sem casa. Em Minas Gerais, o número de mortes chega a 18. De acordo com a Defesa Civil, 6.959 pessoas estão desalojadas e 2.460, desabrigadas no Estado.
Mister Shadow/AEApesar da trégua dada pelas chuvas no Espírito Santo, nível das águas permanece alto nos bairros Jockey e Guaranhuns, em Vila VelhaApesar da trégua dada pelas chuvas no Espírito Santo, nível das águas permanece alto nos bairros Jockey e Guaranhuns, em Vila Velha

Os últimos corpos encontrados ontem no Espírito Santo eram de duas crianças, de 7 e 9 anos, que estavam desaparecidas desde a manhã do dia 24 em Colatina, no noroeste. A casa onde elas moravam ficava sob um muro de arrimo no bairro São Marcos e foi arrastada morro abaixo quando o muro cedeu. O local já estava interditado pela Defesa Civil.

“Estou a três dias sem dormir. Tenho medo de pensar em como minhas filhas vão sair de lá. Já vi gente grande saindo aos pedaços”, lamentou o pai das meninas, que se identificou apenas como Leandro, ceramista, pouco antes da confirmação de que os corpos haviam sido localizados.

Ao todo, foram oito mortes em Colatina - todas elas no mesmo local onde as duas crianças morreram. Os moradores do bairro estão proibidos de voltar para suas casas. O centro da cidade ficou embaixo d’água até anteontem. Moradores contam que, nesse período, o isolamento foi total. “Estavam vendendo o galão de água a R$ 35”, contou o frentista Ismael Nascimento, que recebeu parentes em casa após a casa dos familiares ser interditada. “São muitas bocas, por isso que a gente precisa das cestas básicas”, afirmou.

De acordo com informações da Defesa Civil Estadual, as demais mortes foram em Baixo Guandu (nove casos), Itaguaçu (seis), Barra de São Francisco (dois), Domingos Martins (um) e Nova Venécia (um). Os relatos mais dramáticos, entretanto, vêm de Itaguaçu. Lá, segundo a imprensa capixaba, moradores chegaram a buscar comida no lixo, pegando sacos de arroz jogados fora por um supermercado por estarem sujos de lama. A Defesa Civil capixaba suspendeu por 24 horas o envio de ajuda às áreas atingidas porque não estava dando conta de organizar as doações

O acesso às demais cidades do norte e nordeste do Estado começou a ser restabelecido, mas ainda continua crítico. Na BR-101, um trecho ficou interditado na tarde desta quinta por causa de um deslizamento de terra. A rodovia também ficou complicada por causa de uma espécie de operação tapa-buraco. Um caminhão com operários circulava entre as cidades de Fundão e Santa Teresa até encontrar buracos. Quando os achava, o caminhão parava na rodovia, bloqueando uma das pistas, e os funcionários desciam às pressas em direção ao buraco. Então, rapidamente, o local era preenchido com piche, nivelado com pás. Militares do Exército chegaram ontem ao Estado e uma das missões é reconstruir uma ponte na ES-080. A destruição da ponte impede o acesso a Barra de São Francisco, outro município que continua isolado no Espírito Santo.

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