O mais longo caminho de volta
Vou me arriscar a adivinhar como esse trecho do livro deve ter afetado meus leitores em geral. Minha hipótese é de que existem leitores de esquerda que estão com raiva por eu não ter ido mais além naquela direção, e algumas da ala oposta, que ficaram com raiva por acharem que eu fui longe demais. Isso nos faz dar de cara com o verdadeiro obstáculo de todo esse esboço de uma sociedade cristã. A maioria de nós não se aprofunda na questão para descobrir o que o cristianismo realmente diz; nos aprofundamos esperando achar no cristianismo um apoio para nossos próprios pontos de vista. Assim, o que buscamos é um aliado que seja um Mestre ou um Juiz. Eu também sou assim. Há partes neste livro que eu preferiria simplesmente deixar de lado, e é por isso que discussões como essa não levam a nada, a não ser que percorramos um caminho ainda maior. Uma sociedade cristã não existirá enquanto a maioria de nós não a desejar verdadeiramente: e nós não a desejaremos enquanto não nos tornarmos plenamente cristãos. Repetirei incessantemente: “Faça aos outros o que gostaria que fizessem com você”. Porém, não tenho capacidade de cumprir essa declaração até que eu ame o meu próximo como a mim mesmo. E não posso aprender a amar assim enquanto não aprender a amar a Deus. E só posso aprender a amar a Deus, aprendendo a obedecê-lo. Como eu já o havia prevenido, acabamos conduzidos para algo muito mais interno — partindo de assuntos sociais, acabamos nos religiosos. Pois o caminho mais longo de volta é o mais curto para se chegar em casa.
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