domingo, 14 de julho de 2013

*** ESSA AVALANCHE VAI CONTINUAR ATÉ ALCANÇAR A VITÓRIA DO PRÓPRIO POVO.***



Postado às 03h30 Coluna Nenhum comentário Enviar por e-mail
(*) Dr. Amadeu Garrido
Centenas de interpretações lúcidas, ou pretensamente lúcidas, vieram à tona no campo – mais fértil do que se imaginava – da “intelligentsia” brasileira, com o escopo de satisfazer aos reclamos das ruas, e, em última análise, recompor a ordem estremecida, a platitude das condutas demarcadas pelos estereótipos das iniciativas privadas e das instituições públicas.
Porém, assim como o terremoto do território brasileiro agitou suas placas sem que nenhum vulcão permitisse a previsão de tantas irupções, também não se pode garantir que a lucidez de alguns iluminados, ainda que venham a ser eleitoralmente vitoriosos, preste atendimento à generalidade dos anseios bradados nas ruas e o Brasil retorne às rotinas conformistas da política previsível dos séculos passados.
Como é cediço, a natureza evolui do simples para o complexo. Assim, de algumas pretensões poucas, definidas e singelas, o movimento das ruas caminhou para uma complexidade que desafia os mais capazes filósofos da relação entre a sociedade e o estado. As ruas querem pouco, enunciam algumas pretensões mais imediatas e perceptíveis e, ao mesmo tempo, querem tudo. Querem uma sociedade razoável e justa; para tanto, dinâmica, que acompanhe a velocidade das estonteantes transformações contemporâneas.
O sólido e permanente desmanchou no ar. Derruíram os arquétipos formulados pelos pensadores do passado e, sobretudo, pelos bacharéis que formaram as linhas ideológicas das estruturas brasileiras. Os princípios do comunismo, do capitalismo e do bem-estar social são questionados por um pragmatismo que não mais admite o apriorístico e examina instantaneamente, pela comunicação digital, o acerto ou desacerto de fatos e decisões e propõem o necessário. É possível prever que o futuro rompeu com os sistemas.
Daí o equívoco das propostas de mérito, de soluções, mágicas ou não, acertadas ou não, que poderão conduzir os militantes para o interior de seus lares, onde permanecerão no comodismo de outrora. Ficarão dizimadas as posições pessoais, grupais e, por consequência, os partidos políticos. Os programas serão meros indicadores de iniciativas que, uma vez adotadas, passarão pelo crivo dos habitantes de um mundo completamente transformado.
O novo não assume o lugar do velho sem o transporte pelos ventos das mudanças dos elementos antecedentes. Portanto, essa transformação não é imediata, nem simples, nem pacífica; muitas pedras atravancarão o caminho, mas este está delineado e será inevitavelmente aberto. O novo incorporará o velho aproveitável e enterrará os cadáveres.
Daí porque a questão atual é uma questão epistemológica e que desafia, antes dos pensadores tradicionais, os formadores de métodos interpretativos da política e da sociedade. As tentativas e acertos tomarão os lugares das convicções assentadas e programáticas. A liberdade conduzirá os atos individuais e coletivos. Seu corolário é a enorme responsabilidade emanada de seu exercício, o outro lado da moeda livre. A definitividade das normas jurídicas dará lugar ao direito como experiência histórica. Aos dedicados aos assuntos públicos caberá o domínio da ciência de saber responder ao povo em face de seus anseios; em suma,  as ciências humanas nunca foram tão desafiadas como neste momento em que o mundo abre suas portas p ara o desconhecido. 
(*) Dr. Amadeu Garrido é advogado.

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