terça-feira, 16 de julho de 2013

Tomislav R. Femenick - Jornalista, mestre em economia com extensão em sociologia e história, membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Conheci Aluizio Alves em 1960, quando de sua campanha para governador do Rio Grande do Norte. Então eu era correspondente do Diário de Pernambuco e o entrevistei; da mesma forma como também entrevistei Djalma Marinho, seu concorrente. 
Arquivo TN

Fora do campo político, meu primeiro contato com Aluízio deu-se no dia 29 de abril de 1961. As chuvas daquele ano haviam destruído cerca de 600 mil toneladas de sal que estavam estocadas às margens dos rios Mossoró e Assú – quase toda a produção projetada para o ano. Para encontrar soluções para a crise do setor, houve uma reunião em Natal, da qual participaram o governador Aluízio Alves, Celso Furtado, o superintendente da Sudene, e representantes dos industriais, trabalhadores, comerciantes e transportadores do sal. Eu estava representando o Banco do Nordeste. Na ocasião foi proposta uma ideia mirabolante: em substituição às salinas existentes seria construída uma salina única, na qual a Sudene teria participação majoritária, justificando-se para isso a redução dos custos de produção e a manutenção da competitividade da indústria salineira potiguar.Os Partidos Políticos

Uma das primeiras propostas do próprio Aluízio foi que fosse incluído, entre os temas da entrevista, um tópico sobre os partidos políticos, assunto sobre o que ele estava lendo bastante. Seria importante que se falasse sobre o conceito, sobre a teoria e, depois, sobre assuntos factuais, quando seria analisado o conjunto dos partidos brasileiros. Pedi que ele explicasse sua proposta.

“Primeiro temos que entender o que é essa coisa que chamamos de partido político. A etimologia, a origem da palavra, já nos diz algo, pois partido quer dizer o resultado do que é repartido, dividido. Portanto, partido é uma parte de um total. Se formos pesquisar, encontraremos as primeiras formas de organizações políticas já nas sociedades mais primitivas, todavia as disputas dessas facções eram realizadas com o uso da força física, das lutas, das guerras, e não pelo uso da razão, em que todos os participantes tenham a mesma força pelo simples expressar da sua opinião. Compreendido esse conceito, entendo que somente a partir dos movimentos que resultaram na independência dos Estados Unidos e na Revolução Republicana francesa é que, de fato, houve condições objetivas para a existência dos partidos políticos. Antes havia os senhores feudais, donos inquestionáveis do destino dos seus vassalos, depois os reinados absolutistas, que podem descritos pela celebre a frase L’État c’est moi (O Estado sou Eu), dita por Luis XIV. Os parlamentos dessa época eram meros instrumentos de sugestões aos reis e de ratificação da vontade da realeza. Portanto, não há porque se falar em parlamento em regimes em que imperava a aristocracia. Se recuarmos mais ainda e formos para a Roma Republicana ou à Grécia Antiga, veremos parlamentos cujos representantes eram representantes de si mesmo ou, no máximo, de um pequeno grupo do qual o povo era excluído. Grécia e Roma foram passos importantes no caminho da democracia – podemos até dizer que estruturantes, mesmo –, mais seus partidos eram simples ficção, se vistos sob a ótica dos conceitos atuais. Não sejamos injustos, essas duas grandes civilizações e alguns avanços ocorridos nas trevas da Idade Média. Esses tempos devem ser submetidos a critica nos seus respectivos contextos históricos. 

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