sexta-feira, 12 de maio de 2017

Em vídeo com Aécio e Alckmin, tucanato pergunta: Por onde a mudança começa? 

Foi ao ar na noite desta quinta-feira a propaganda partidária do PSDB —dez preciosos minutos em rede nacional de tevê. Na peça, o tucanato fala dos males da política como um médico que, após diagnosticar as necessidades do paciente, manda reforçar a dose do purgante.
Na abertura, o comercial enxerga a moléstia —“A distância entre as pessoas e os políticos nunca foi tão grande”—, tropeça no óbvio —“A política brasileira precisa mudar”— e repete a pergunta de US$ 1 milhão —“Por onde essa mudança começa?”.
No miolo, a propaganda conclui que a saída passa por “uma mudança de atitude.” E na parte final do vídeo, o PSDB expõe na sua vitrine eletrônica personagens como Aécio Neves e Geraldo Alckmin, investigados na Lava Jato.
O que o tucanato tem para oferecer? O desafio é “melhorar a política” e “melhorar a sua vida”, afirma Aécio. E Alckmin: “Trabalhar com esforço e humildade para tirar o país da crise.”
Sumiram do discurso dos tucanos as críticas aos rivais petistas. Soaria mal. Seria como tocar trombone sob o telhado de vidro. Não se ouviu na propaganda nenhuma palavra sobre ética. Natural. Ninguém é louco de falar sobre corda à beira do cadafalso.
Antes de expor o seu museu de novidades, o PSDB encaixou no comercial um bate-papo de hipotética espontaneidade entre pessoas selecionadas e jovens políticos tucanos. Excluiu-se João Doria da roda. Previsível. Muitos enxergam o prefeito paulistano não como um tucano, mas uma cobra —ou uma espécie de rabo autossuficiente, que se desgruda do padrinho Alckmin e ganha vida própria.
“Você já percebeu que daqui a cinco anos o Brasil vai comemorar 200 anos de Independência?”, indaga no comercial Fernando Henrique Cardoso, o grão-mestre do tucanato. “Já pensou se nesse dia você não precisasse votar contra alguém, mas a favor de alguém. Votar não com resignação, mas com esperança. Para esse dia chegar, é preciso passar o Brasil a limpo. E aprender com os erros…”
Os políticos brasileiros não mudaram muito desde dom Pedro I. Talvez precisem de um pouco mais de tempo. No estágio em que se encontra, o tucanato já aprendeu que é errando que se aprende… A errar.
Não faz muito tempo, um presidente do PSDB federal, Eduardo Azeredo, foi emparedado pela revelação de que, em 1998, quando brigava pela reeleição ao governo de Minas, suas arcas eleitorais foram contaminadas por um empréstimo providenciado por Marcos Valério. Em valores da época, coisa de R$ 11,7 milhões, tomado no Banco Rural. Tudo muito parecido com a operação que deu origem ao menalão do PT.
Azeredo concluiu seu mandato à frente do partido sem ser importunado. Quando o Supremo Tribunal Federal estava pronto para julgá-lo, renunciou ao mandato de deputado federal e foi tentar a sorte nas instâncias inferiores do Judiciário em Minas Gerais. Multi-investigado, Aécio Neves segue a mesma trilha. Preside o PSDB sem ser importunado. Quem ouve FHC falando em passar o Brasil a limpo se pergunta: não seria o caso de iniciar o processo de higienização pelo comando do ninho?

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