Déficit fiscal é gerido a golpes de magia negra
Alguns economistas chamam a economia de “ciência negra”. Eles talvez façam isso porque a única maneira de chamar a economia de ciência é aproximando-a da ideia de magia negra. O governo, você sabe, está quebrado. Previa-se que, em 2018, o Tesouro Nacional gastaria R$ 79 bilhões acima do que será arrecadado em impostos. Informa-se agora que o rombo será maior: R$ 129 bilhões. Por quê? Na expressão do ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, “são efeitos defasados” da crise econômica de 2015 e 2016. Ora, mas o governo dizia que esses efeitos da crise já estavam contabilizados. Ou seja: o que Meirelles está dizendo, com outras palavras, é que sua equipe não sabe fazer contas.
No ano passado, o governo foi muito criticado porque concedeu reajustes salariais a servidores públicos que tiveram impacto bilionário sobre o Orçamento. E todas as autoridades, incluindo Michel Temer e Henrique Meirelles, diziam que não havia problema porque esses reajustes, negociados ainda no governo Dilma, já estavam lançados nas projeções de déficit. Era magia negra. Os economistas do governo atravessaram agulhas nos bonecos de 2016 e os efeitos estão sendo sentidos agora, na pessoa errada: você.
Na semana passada, o governo já tinha informado que, para manter o buraco deste ano de 2017 em R$ 139 bilhões, como havia prometido, terá de arranjar R$ 58 bilhões com cortes de despesas ou algum aumento de receita. Mas fique tranquilo, o governo jura que o equilíbrio fiscal será alcançado em 2020, quando teremos um superávit nas contas públicas de R$ 10 bilhões. Esse número provavelmente está errado. Mas até 2020 Henrique Meirelles estará fora do governo. E uma das mágicas da economia é que os economistas sempre encontram soluções para os problemas do país quando saem do governo e se transformam em consultores e articulistas de jornal. Quer dizer: quando Henrique Meirelles deixar o governo saberemos o que fazer.
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