domingo, 12 de junho de 2016

Abandono contínuo

sexta-feira
sábado
Abandonem tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, invejas e críticas injustas. (1Pe 2.1)
O catálogo de Pedro de extravagâncias contra a ética cristã é o mais curto de todas as outras listas e parece ser o mais “inocente”, isto é, não nomeia os pecados considerados mais graves e escandalosos. No catálogo de Paulo, por exemplo, ele fala de imoralidades sexuais, ações indecentes, adoração de ídolos, feitiçarias, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, bebedeiras, farras etc. (Gl 5.19-21). Quando se tratava de injustiças sociais, os paroquianos de Tiago eram insuperáveis. Seriam mais santos os crentes da Ásia Menor?
Mas sempre há conquistas éticas a fazer, em qualquer comunidade e em qualquer tempo. O paradigma cristão é muito alto: “sejam santos porque eu sou santo”, como o próprio Pedro admite no capítulo anterior (1Pe 1.15-16). Mais à frente, o apóstolo fará novo apelo a favor de uma santidade geral e maior.
O imperativo “abandonem tudo o que é mau” equivale a: deponham (ponham de lado), despojem-se, libertem-se, livrem-se. A paráfrase de Eugene Peterson nos manda limpar a casa e varrer toda sujeira. Cada leitor da carta deve perguntar a si mesmo qual é o lixo que deve varrer (não para debaixo do tapete). Outra paráfrase diz tudo: “Libertem-se dos seus sentimentos de ódio. Não se finjam de bons! Acabem com a falta de sinceridade e o ciúme, e parem de falar dos outros por trás”.
O abençoado abandono solicitado por Pedro é uma obrigação de cada crente como indivíduo, e de cada igreja como comunidade. Trata-se de um abandono contínuo das fraquezas mencionadas (maldades, mentiras, fingimentos, invejas e críticas injustas), bem como de outras não mencionadas e ainda de outras que possam surgir (emergir). Abandono contínuo porque as coisas abandonadas hoje podem voltar amanhã. Pedro deve ter deixado subentendida a palavrinha de Jesus no Cenáculo: “Sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15.5b). Ou “sem mim nada de ruim vocês vão conseguir abandonar”!
Não vou me equivocar: críticas injustas são maledicências, murmuração, deformação, calúnia!

Nenhum comentário: