Ser ministro do Supremo Tribunal Federal é muito bom. O salário é alto, o gabinete é amplo, as férias são dobradas e o poder sempre pode ser usado para enxotar Renan Calheiros do comando do Senado, o que deve proporcionar uma sensação muito agradável.
Por maioria de seis votos, o Supremo já decidiu que um réu não pode ocupar cargos na linha de sucessão da Presidência da República. Mas o veredicto não foi proclamado porque o ministro Dias Toffoli pediu vista do processo. Ele alega que precisa estudar melhor a matéria. E Renan, que acaba de virar réu, pode continuar dirigindo o Senado e o Congresso.
Num instante em que se aproxima o Natal, Dias Toffoli oferece a Renan Calheiros um presente antecipado. Em duas semanas começa o recesso parlamentar. Os congressistas só voltarão a Brasília em fevereiro, quando será eleito um novo presidente para o Senado. E o réu Renan poderá concluir o seu mandato sem ser importunado.
Toffoli parece acreditar que o clima de oba-oba que caracteriza esse período do ano fará desaparecer o mau humor que transformou o brasileiro num chato, que já não convive muito bem com a desfaçatez.
Os colegas de Dias Toffoli deveriam chamá-lo para uma conversa. É a respeitabilidade do Supremo que está em jogo. Enquanto o ministro mantiver na gaveta o processo que segura Renan na cadeira, os glúteos da Suprema Corte estarão expostos na vitrine.
No mais, convém rezar pela saúde de Michel Temer e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Você talvez considere que a dupla não vale nada. Mas se os dois faltarem, o presidente da República será Renan Calheiros.
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