O Brasil perdeu ''um homem crucial em um momento crucial'', diz a revista ''The Economist'' ao tratar da morte do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, na semana passada.
''Ele deixa para trás uma família devastada, legiões de admiradores e o dossiê mais explosivo de casos na mais alta corte do país'', diz, explicando que o ministro coordenava o julgamento de corrupção da Operação Lava Jato e estava prestes a homologar a delação premiada ''que poderia levar a mais processos contra políticos''.
Segundo a revista, a decisão de Michel Temer para substituir Teori evidencia o importante papel que o STF tem nos assuntos públicos do Brasil atual.
''A popularidade da corte cresceu enquanto a dos políticos desabou. Dos 594 membros do Congresso, 35 são alvos da Lava Jato; outras dúzias são acusados de outros crimes'', diz a ''Economist''. ''Em pesquisas de confiança pública, ministros do STF aparecem à frente de políticos'', complementa.
Segundo a revista, o papel político cada vez maior dos ministros do STF pode ser explicado pela crescente polarização política no país, que faz do Supremo um árbitro das suas disputas.
''Mas a crescente assertividade da corte também é um perigo para a democracia'', diz, alegando que os ministros se expõem demais na mídia brasileira.
Depois de uma cobertura intensa do processo de impeachment de Dilma Rousseff e das primeiras medidas de Temer na Presidência, a ''Economist'' diminuiu um pouco a atenção dada ao Brasil, e tem publicado menos reportagens sobre o país nas últimas semanas.
A revista pode ser considerada uma das principais influenciadoras da imagem internacional do Brasil nos últimos anos, e a cobertura sobre o Brasil em suas páginas foi tema de uma pesquisa de doutorado pela socióloga Camila Maria Risso Sales na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Segundo Sales alterações da política econômica no país sempre afetam a cobertura que a revista faz sobre o Brasil. “A visão da 'Economist' é mais positiva sobre o Brasil se a política econômica do país se aproxima mais do viés liberal”, disse.
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