sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Por que em Mossoró? A Penitenciária de Alcaçuz será desativada. Alívio para os moradores de Nísia Floresta e da região metropolitana de Natal. Eles vão se livrar do “caldeirão do diabo” e do pesadelo permanente. O anúncio feito pelo governador Robinson Faria (PSD) na noite de quarta-feira, 25, como parte do pacote de medidas de enfrentamento à crise no sistema carcerário potiguar, era esperado há algumas décadas. Na verdade, chega atrasado e provocado por 26 cabeças decepadas, estrutura pública destruída – dentro e fora do presídio – e imagens violentas e horripilantes correndo o mundo ao vivo e a cores, numa espécie de BBB: Big Brother Inferno. Todo mundo sabia, há anos, que a maior penitenciária do Rio Grande do Norte havia sido construída em área inadequada, sobre dunas, com estrutura flácida e ao redor do itinerário turístico da capital potiguar. A escolha da área e a construção da casa de detenção têm o DNA do governo Garibaldi Filho (PMDB). Os critérios? Até hoje ninguém sabe e o hoje senador não fala sobre o delicado assunto. Os governadores seguintes chegaram a criticar o “monstrengo”, mas também pouco ou nada fizeram para resolver o problema. Estava na cara que um dia o caldeirão iria explodir. Foi nas mãos do atual governador que, por ironia, escolheu a marca da segurança como a principal bandeira de sua administração, por vontade de devolver a paz ao cidadão ou por inocência mesmo. A segurança não se resolve no combate, mas sim na prevenção. Investimentos em políticas sociais são infinitamente mais importantes do que o gasto na caça aos criminosos. Mas isso é outro debate. O que importa é que a Alcaçuz vai deixar de existir e, por consequência, provoca outro debate. Para onde irão os presos matriculados nas facções criminosas PCC e Sindicato do Crime? O governo escolheu Mossoró como um dos destinos. Isso mesmo. A segunda maior cidade do RN vai receber o “investimento” da construção de um novo presídio, anunciado pelo próprio governador . A nova casa de detenção deverá ficar pronta em seis a oito meses, na previsão do Governo, e se juntará à Cadeia Pública Manoel Onofre, Penitenciária Agrícola Mário Negócio e ao Presídio Federal de regime RDD. Ou seja, Mossoró se transformará em um complexo penitenciário. Não precisa ser expert no assunto para saber que isso é terrível para a cidade. Basta fazer uma pergunta simples para obter a resposta exata: se o presídio de Alcaçuz prejudica o turismo na região da Grande Natal, o “cordão” carcerário em Mossoró não impede o fortalecimento do turismo local e regional? Não só impede, como condena. Daí, o cidadão deve questionar: por que em Mossoró? Com a palavra, as autoridades.
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