Bancada anti-Lava Jato quer influir na substituição de Zavascki no Supremo
Michel Temer já decidiu que só indicará o substituto de Teori Zavascki depois que o Supremo definir o nome do relator da Lava jato. Ainda assim, os aliados do presidente, encrencados nas investigações, encontraram um pretexto para influir na escolha do futuro ministro.
Eles se deram conta de que o escolhido de Temer pode alterar uma decisão tomada pelo Supremo no ano passado —aquela decisão de que uma pessoa condenada na segunda instância do Judiciário deve ser presa, aguardando o julgamento de eventuais recursos atrás das grades.
Essa deliberação do Supremo funcionou como um estímulo adicional à delação. Sem a perspectiva de recorrer em liberdade, encrencados graúdos preferiram abrir o bico, confessar os crimes, delatar os cúmplices e negociar condenações mais brandas. Além disso, complicou-se a vida de réus sem mandato. Lula, por exemplo, pode ser preso caso uma eventual condenação de Sérgio Moro seja confirmada pelo Tribunal Regional Federal.
Para desestimular novas delações, a bancada anti-Lava Jato do Senado, o PMDB à frente, quer que Temer escolha como substituto de Teori um doutor que seja contra a prisão após condenação de segunda instância.
Por quê? Com o voto favorável de Teori, a decisão do Supremo foi tomada em caráter liminar, por um placar de 6 a 5. O tema voltará ao plenário, para o julgamento do mérito. Basta que o novo ministro modifique o voto de Teori para inverter o placar.
Os políticos, como se vê, tornaram-se seres muito previsíveis. Comprovam diariamente a tese de que honestidade é como virgindade. Perdeu, está perdido. Não dá segunda safra.
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