sábado, 10 de novembro de 2012

A política como ela é
A  prefeita afastada Micarla de Sousa (PV) virou uma espécie de “doença contagiosa”; ninguém quer chegar perto. No passado, pessoas contaminadas eram isoladas em quartos escuros; tinham direito apenas a receber a comida e a bebida por uma frecha da porta. Micarla, hoje, experimenta isolamento.
Os parceiros políticos de ontem, hoje a condenam ao isolamento. Querem distância. Nem admitem que um dia se abraçaram com ela. E olhe que quase todos os partidos, da direita à esquerda, fizeram parte do seu palanque ou em algum momento estiveram com ela em alianças ocasionais.
É aquela coisa: ninguém se encosta em árvore que não dá sombra.
Situação bem diferente de pouco tempo atrás, quando a jovem talentosa se elegeu para governar Natal. Todos querendo uma carona na asa da borboleta. Lembra-se?
Para refrescar a memória, vamos passar a limpo quem esteve com Micarla. Nas eleições de 2008, os companheiros da primeira hora: DEM, do senador José Agripino; PMN, do presidente da Assembleia Legislativa e hoje vice-governador dissidente Robinson Faria, atualmente no PSD; PSDB, de Rogério Marinho; e o PR, do deputado João Maia.
Em seguida, encostou-se o PMDB, dos primos Garibaldi Filho e Henrique Alves, que formou aliança proporcional com o PV de Micarla nas eleições de 2010.  Mais tarde, o PSB mergulhou no governo Verde, com os secretários Vágner Araújo e Cláudio Porpino, da fina flor do wilmismo.
E, por último, o PT, que no segundo turno das eleições de 2010 usou o palanque da prefeita para a candidata Dilma Rousseff.
Recapitulando: Micarla teve a companhia dos Maias, Alves, Faria e Faria, Rosado, Marinho e da companheirada petista. De fora ficaram tão-somente as alas mais radicais da política, como PSTU, Psol e outros nanicos sem maior visibilidade.
Seria o caso de afirmar que o insucesso de Micarla passou pelas mãos da elite da política potiguar? Exagero.
Porém, é certo que o seu isolamento político, responsável por sua derrocada, é consequência da sua completa inabilidade de formar e manter uma base de sustentação político-administrativa. Se estivesse Micarla amparada por um dos braços de grupos tradicionais, certamente ela não estaria amargando um fim tão melancólico.
No entanto, cabe agora observar que, na política, a elite é muito mais pragmática do que na vida comum. Se não serve, joga fora, sem direito a nova chance.
Essa é a triste saga política da herdeira do saudoso senador Carlos Aberto de Souza. Poderia ser diferente, mas ela não teve o feeling político do pai. E os gigantes fazem de conta que não têm nada a ver com isso.
É a política como ela

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