A Associação Cultural Esporte Clube Baraúnas é o aniversariante desta quinta-feira (14). Completa 56 anos de história, mas a sua origem vem de muito antes de a bola rolar. Do Carnaval de Mossoró de 1924 surgiu o bloco Baraúnas, com raiz no bairro Doze Anos, para quatro décadas depois o tricolor sair da avenida do samba e do frevo para os campos de futebol.
Os diretores do bloco carnavalesco decidiram que a cidade precisava de um clube de futebol popular, oficializando o Baraúnas no dia 14 de janeiro de 1960. Participaram da reunião no Centro dos Artistas (onde hoje funciona a Farmácia São João, Avenida Rio Branco com a Felipe Camarão) os tricolores Alberto Mendes de Freitas (redator do primeiro estatuto do clube), Expedito Mariano de Azevedo (vereador Expedito Bolão), Jose Raimundo Nogueira (Zé Cabeça), Francisco Martins de Medeiros (Chico Geraldo, primeiro presidente), Francisco Noberto da Silva, Manoel Sebastião Fernandes Pedrosa, Manoel Marinho Guimarães, Raimundo Dantas (René) e Zoívo Barbosa de Menezes (primeiro treinador).
O “Leão do Oeste” nasceu como time do povão, uma vez que o seu principal rival, o Potiguar, havia surgido da elite da cidade, filiada a Associação Cultural Desportiva Potiguar (ACDP).
Na segunda parte da década de 70 veio o passo mais importante. Em 1976 o tricolor participava pela primeira vez do Campeonato Estadual de Futebol Profissional. Um ano antes, em 1975, havia tentado através de um torneio seletivo com Força e Luz e Atlético de Natal, sem sucesso.
Nos primeiros anos na elite do futebol estadual, o tricolor foi defendido por atletas que nunca saíram da memória dos seus torcedores mais antigos, como o goleiro Souza, os zagueiros Tito e Mário Braga, os volantes Eurico e Zé Raimundo, os meias Chiclete e Maia, os atacantes Zequinha, Pinto e Vadinho.
Depois, entrando a década de 80, com a determinação e competência de dirigentes como Jonas Bezerra, Luiz Escolástico Bezerra, Nicéas, Evaristo Nogueira, o Baraúnas alcançou status de clube respeitado pelos grandes da capital – ABC e América. Em 1981, fez uma campanha memorável e por pouco não conquistava o título inédito.
Quem não se lembra dessa formação: Vilberto; Vevé, Dão (Jotabê), Anchieta e Vildomar (o areia-branquense Pai-tá-bom); Zé Carlos, Zé Augusto e Neto (Normando); Dinga, Nêgo Chico e Romildo. Técnico: Ivo Holfman. Esse time não ganhou o título, mas encantou o torcedor.
Sete anos depois, já na administração de Chico Rico/Paulo César Duarte, o Baraúnas mandou aos gramados outra grande formação, que também não sagrou-se campeão, mas ficou na memória de todos. O ano era 1988 e a formação a seguinte: Wilson Caneco; Terezo, Gilson, Hélio e Nonato (depois ABC, Cruzeiro, Seleção Brasileira); Doca, Zácone, Demair e Vaval; Jacozinho e Batata. No elenco tinha ainda o meia Claudinho e os atacantes Escurinho e Ivan, todos de alto nível. O time começou a ser treinado pelo carioca Elízio Lopes, que passou o bastão para o saudoso Jotabê.
A década de 90 não foi das mais interessantes, podendo ser dito que o “Leão da Doze” viveu os seus piores momentos. Pouco ou quase nada de bom aconteceu ao tricolor. Mas, veio os anos 2000 e com eles a glória. Em 2005, o Baraúnas marcoug o seu nome na história do futebol brasileiro ao ficar entre as oito melhores equipes da Copa do Brasil, competição organizada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O ponto alto foi a goleada sobre o Vasco da Gama em pleno São Januário (Rio), no dia 20 de abril. Recorde aquele time que venceu Romário & Cia: Isaías; Da Silva, Pedroza, Nildo e Agnaldo; Célio, Val, Toni e Amarildo (Edinho); Álvaro (Hermano) e Cícero Ramalho (Henrique). Os foram gols marcos por Cícero, Toni e Henrique. O técnico era Milluir Macêdo.
No ano seguinte veio o tão sonhado título de campeão estadual, em 2006, exatamente quando o tricolor completava 30 anos de competição profissional. O presidente João Dehon, que já havia conquistado o feito histórico da Copa do Brasil, foi bem sucedido com a formação do elenco e a estrutura para a conquista do estadual.
O elenco campeão que entrou para a história: Isaías (Tinho); Cláudio Ribeiro, Índio (Pedroza), Nildo (Pantera) e César Romero (Agnaldo); Luciano Piauí, Célio, Fausto e Ely Tadeu (Robinho, Chiquinho, William e Cipó); Luciano Paraíba e Maurício Pantera (Cícero Ramalho, Marquinhos). O técnico era Paulo Moroni.
Os anos 2000 também marcaram a conquista do bi da Copa RN (2004 e 2007), sendo sem dúvida a melhor década do Baraúnas.
O torcedor tricolor se orgulha, também, pelo fato de o Baraúnas ser o clube do interior do Rio Grande do Norte com o maior número de participações em competições interestaduais. O time se manteve na divisão de acesso do Campeonato Brasileiro por três anos, sendo o único clube do interior a participar da Série B.
O Baraúnas participou de duas edições da Taça de Prata (80 e 82), que é equivalente a Série B atual e também disputou a Série B do Campeonato Brasileiro em 1989. Também foi o primeiro do interior a participar de uma edição da Copa do Nordeste, em 1999, por ter sido o terceiro colocado no Campeonato Estadual de 1998.
É com essa história de glória que o Baraúnas comemora os seus 56 anos, sem perder o olhar para o presente e o futuro. Os desafios são muitos, os obstáculos também, mas nada que supere a garra do Leão da Doze.
Parabéns, nação tricolor!
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