Michel Temer decidiu manter o ministro Geddel Vieira Lima no cargo de coordenador político do governo. Avaliou que a denúncia contra o amigo e auxiliar não justifica a demissão. Beleza. É uma forma de ver as coisas. Mas a decisão de Temer terá um custo político. O presidente poderia ter tentado reduzir o prejuízo. Mas adotou uma coreografia que pode elevar o déficit estético de sua administração.
Geddel tentou usar sua influência para levantar o embargo de um órgão federal da pasta da Cultura à construção de um prédio no qual possui um apartamento. Em nota, o Planalto informou que Temer levou em conta o fato de que “todas as decisões sob responsabilidade do Ministério da Cultura são e serão encaminhadas e tratadas estritamente por critérios técnicos, respeitados todos os marcos legais e preservada a autonomia decisória dos órgãos que o integram, tal como ocorreu no episódio de Salvador.''
O que o Planalto declarou, com outras palavras, foi o seguinte: 1) a investida de Geddel não surtiu efeitos; 2) o parecer do órgão público que paralisou a obra do prédio deve prevalecer sobre o interesse privado do amigo do presidente. E a plateia pergunta aos seus botões: por que diabos Temer não declara, sem meias palavras, que desaprovou o comportamento do seu ministro? Por que Geddel não desperdiça dez minutos do seu tempo para admitir que talvez, quem sabe, pode ter agido de forma, digamos, inadequada?
O governo Michel Temer reage aos acontecimentos como se ainda vivesse na era pré-Lava Jato. A sociedade informa, desde a célebre jornada de manifestações de junho de 2013, que o Brasil deixou de ser aquele velho gigante adormecido. Hoje, o país sofre de insônia permanente. O brasileiro está cada vez mais impaciente com tudo o que os ocupantes do poder continuam considerando ''normal''.
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