JOSIAS DE SOUZA
Vieram à luz as 17 folhas do depoimento que o ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) prestou a procuradores da força-tarefa da Lava Jato. Tomado pelo conteúdo de suas respostas, Cabral entrou num processo de autocombustão. Foi como se ateasse fogo à própria biografia.
Acusado de lavar dinheiro por meio da prestação de serviços fictícios de consultoria, Cabral declarou-se proprietário de uma empresa. Chama-se Objetiva. Disse que promove com seus clientes encontros de aconselhamento. Instado a apresentar em 24 horas pareceres e documentos resultantes do serviço, Cabral disse não dispor do papelório. Sua consultoria era oral. Hummm…
Acusado também de higienizar dinheiro sujo por meio da compra de joias, Cabral reconheceu ter adquirido algumas peças em pelo menos duas das mais requintadas casas do ramo no país. Dinheiro vivo?, quiseram saber os procuradores. Cabral disse não lembrar se pagou em moeda sonante ou no cartão de crédito. Hã?!? Quem ouve fica com a impressão de que Cabral adquire joias como quem compra bananas na feira.
Perguntou-se a Cabral se ele conhece Carlos Miranda, apontado pelos investigadores como seu coletor de verbas. O ex-governador disse que Miranda é seu amigo desde os tempos de colégio. Ele recolheu dinheiro em seu nome? Cabral jura que não.
Também interrogado, Carlos Miranda ecoou o amigo. Negou a imputação de homem da mala. Entretanto, por mal dos pecados, confirmou que se reuniu com executivos de empreiteiras. Para quê? Por motivos pessoais. Ai, ai, ai…
Quebraram-se os sigilos bancários. Encontrou-se nas contas de Cabral a irrisória cifra de R$ 454. Mas as contas bancárias de sua mulher Adriano Ancelmo armazenavam impressionantes R$ 11 milhões –já devidamente bloqueados.
Definitivamente, Cabral entrou em processo de autocombustão. Durante o depoimento, o personagem expressou sua ”indignação” com as falsas acusações que lhe fazem. Então, tá!
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