Reportagem especial do jornal O GLOBO sobre a chacina na maior penitenciária do Rio Grande do Norte, revela para o País o que todos os potiguares já sabiam: a Alcaçuz, em Nísia Floresta, na região metropolitana de Natal, está sob o comando dos presos há dois anos.
A edição desta terça-feira (17) do jornalão escreve que o episódio sangrento do final de semana tornou-se um símbolo do descontrole do sistema penitenciário brasileiro, palco de 142 mortes somente neste mês de janeiro.
“O motim revelou que a unidade prisional, a maior do Rio Grande do Norte, está sob comando dos presos há quase dois anos, quando as portas das celas foram quebradas e os detentos passaram a circular livremente dentro dos pavilhões.”
E foi preciso: “Isso impediu, nesta segunda-feira, que a Polícia Militar, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e agentes penitenciários do Grupo de Operações Especiais (GOE) retomassem o controle da unidade após 48 horas de rebelião. As forças de segurança foram barradas ao tentar entrar no presídio, mesmo com relatos de mais mortes a possibilidade de novos confrontos entre presos.
Detentos ocupam telhado da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal (foto: ANDRESSA ANHOLET”E / AFP)
Agentes penitenciários que estiveram em Alcaçuz relataram que a tensão entre os presos deixou o clima na unidade em estágio “crítico”. Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte, Vilma Batista, que trabalha na penitenciária, a prisão está dividida entre as duas facções criminosas. Apenas seis agentes tentam fazer a segurança entre os pavilhões.
— A cadeia está na mão dos presos. Está claro e evidente que mesmo que o governo diga o que tem o controle, isso não é o que está acontecendo — afirmou Vilma.
Embora o governo estadual tenha anunciado a retomada do presídio no domingo, os presos voltaram a ocupar os telhados da penitenciária durante a manhã de ontem.
Do pavilhão 5, detentos ligados à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) exigiram a permanência dos seis presos que teriam sido identificados como mandantes da chacina. Integrantes do Sindicato do RN, considerados rivais do PCC, também subiram ao teto do pavilhão 1.
Munidos de paus e bandeiras, os detentos relataram, aos gritos, a existência de outras vítimas do massacre e fizeram juras de novas mortes. Segundo policiais e parentes de presos, detentos do pavilhão 3, até então considerado neutro, aderiram ao PCC após receberem ameaças.”
A matéria especial do jornal faz uma viagem no tempo recente, para contar como a crise no sistema prisional potiguar tornou-se ainda mais grave:
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