terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Portanto, a ira de preso contra outro, seguido de morte, é quase impossível evitar, mas a chacina “anunciada” poderia – e deveria – ser impedida. O episódio sangrento na Alcaçuz, como percurso da violência gigantesca patrocinada por facções criminosas, não pode ser visto como um caso isolado ou capítulo de uma guerra interminável pelo poder paralelo. A chacina é parte da crise interminável no sistema prisional brasileiro, que foi destruído ao longo dos anos e encontra-se completamente falido. O RN não é e nunca foi uma exceção. Pelo contrário. Desde a presença ameaçadora de “Brinquedo do Cão” no Complexo Penitenciário João Chaves, em Natal, na década de 80, até a sequência de rebeliões, motins e mortes no presídio de Alcaçuz, no presente momento, o sistema carcerário se apresenta frágil e incapaz de cumprir o seu verdadeiro papel. A diferença agora é que o crime ficou mais poderoso, sem que o Estado tenha se preparado melhor para combatê-lo. É dentro dos presídios que o poder paralelo se sobrepõe no lado de fora, avançando no tecido social esgarçado pelos problemas sociais históricos e intermináveis. Não cabe, nesse momento, se aproveitar da desgraça dos que foram mortos e degolados e da comoção natural das pessoas de bem, para apontar erros deste ou daquele governo. Não é o caso. Nem resolve o problema. Os interesses políticos não interessam. O debate é outro, o problema é social. As autoridades devem encontrar a melhor solução, dentro de ambiente possível, uma vez que a criminalidade só descerá patamares quando o País cuidar melhor da educação dos seus filhos. Se não observar o quadro com a responsabilidade que a crise exige, a produção de cadáveres continuará em escala crescente, no “caldeirão do diabo” em que se transformou o sistema.
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