sábado, 5 de dezembro de 2015

É o povo quem dá a palavra final O Planalto quer acelerar o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A oposição trabalha para desacelerar. O governo entende que nesse momento Dilma tem margem confortável contra o impeachment, por isso, não quer correr o risco de retardar o julgamento. Inclusive, o Planalto trabalha contra o recesso parlamentar do fim de ano, para que o processo possa ter um desfecho no Congresso antes da batida dos tamborins do Carnaval 2016. A oposição, que chegou a sugerir que as atividades não fossem suspensas pelas festas de Ano-Novo, mudou de discurso e passou a ser contra. Sabe que precisa de tempo para reforçar a luta pelo impeachment, a partir dos movimentos de rua, que seriam motivados pelo desempenho de deputados e senadores em suas bases. Além disso, os adversários da presidente acreditam que ao passo do agravamento da crise na economia do País, que atinge a vida dos brasileiros, eles teriam apoio maior da nação – revoltada – para abreviar o mandato da petista. São estratégias claras, colocadas abertamente pelo Palácio e pela oposição, no jogo político que movimenta Brasília. Xadrez da política. Não fosse as consequências maléficas à nação, seria um jogo interessante de se ver. Infelizmente, é o povo quem vai pagar a conta derradeira. Pois bem. Não é possível crivar quem levará a melhor, ou qual a estratégia triunfará ao final. Da forma em que se encontra o ambiente político, com a mudança de cenário a cada novidade que surge, é possível afirmar apenas que tudo pode acontecer. Nesta sexta-feira, 4, por exemplo, o Palácio teve que mudar de atitude ao ser surpreendido com a carta-renúncia (atitude rara na história da República) do ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, da fina flor do PMDB e braço direito do vice-presidente Michel Temer. Alerta geral. Não se sabe se outros ministros de partidos da base aliada seguirão o mesmo caminho, mas a atitude de Padilha foi entendida como prenúncio de que, se não houver uma articulação imediata e bem executada pelo Planalto, a presidente será abandonada à própria sorte. Mais do que isso: é o sintoma concreto de que Temer está disposto a bancar a “cabeça” da presidente, levando o seu partido a apoiar o processo de impeachment, vislumbrando sentar na cadeira de maior autoridade do País. O fato é que a sorte está lançada, façam as suas apostas, sem esquecer de levar em conta um detalhe simples: só o povo pode chancelar o impeachment do presidente da República. Portanto, observem atentamente o humor nas ruas.

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