segunda-feira, 7 de novembro de 2016
1 hora equivale a 5 estupros Você já se perguntou o que pode acontecer na sua vida em apenas uma hora? Em apenas uma hora é possível assistir um episódio de Game of Thrones; zerar a bateria do seu iPhone; esperar sua vez numa fila de banco; fazer exercícios físicos; assistir metade de uma partida de futebol; preparar um bolo; ir a uma missa; em uma hora você pode gerar uma nova vida ou acabar com uma. Às vezes 60 minutos passa num piscar de olhos e você nem ao menos percebe; outras, dura uma eternidade. Todavia, uma hora pode significar muito mais que isso. Para o Brasil, por exemplo, esses 60 minutos significa o mesmo que 5 pessoas estupradas, e isso é apenas em registro. Esse foi um levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que usou a metodologia aplicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Apenas no último ano foram 45.460 ocorrências de estupro; a pesquisa permite ainda estimar que os casos sejam até 10 vezes mais frequentes, chegando a 454 mil agressões em um único ano. Um ponto relevante é que a pesquisa estima uma quantidade, não registrada, bem superior, podendo chegar até 10 vezes a mais do que os números oficiais.Isso acontece porque esse crime carrega consigo algumas particularidades. Segundo a diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, “o crime de estupro é aquele com a maior taxa de subnotificação, então é difícil avaliar se houve uma redução da incidência”, e continua… “pesquisas de vtimização indicam que os principais motivos para não reportar o crime às polícias são o medo de sofrer represálias e a crença que a polícia não poderia fazer nada.” E mais: “Pertencemos a uma sociedade que tem na sua identidade uma cultura muito acentuada do estupro. E isso não significa dizer apenas que temos alarmantes números de casos desse crime.” Falar em cultura do estupro é envolver uma característica marcante da sociedade que busca formas de encobrir ou reduzir a importância dessa prática e o impacto que ela gera em toda conjuntura social. Podemos citar atitudes como: a culpabilização da vítima, colocando-a como um objeto de sedução; a tentativa de envergonhar a pessoa violentada, fazendo com que esta se sinta culpada e enclausurada em uma situação de silêncio perpétuo, impedindo que o agressor seja punido; ou seja, temos uma estrutura social com características machistas e patriarcais que garante a prática do estupro, e por esse motivo, a mulher, principal vítima, não se sente segura em denunciar. Esses dados não devem ser esquecidos. A sociedade precisa enfrentar a cultura de estupro. Só a partir disso que teremos reduções reais desses números. (Brena Santos – Advogada).
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